A Ecologia Integral e a Defesa Civil - Orientações para prevenção de riscos de acidentes em condições de chuvas intensas.

    Situações trágicas são sempre ocasião de luto, mas também oportunidade de reflexão e aprendizado. As fortes chuvas que vitimaram 34 concidadãos do estado de São Paulo no mês de janeiro deste ano (https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/numero-de-mortes-causadas-pelas-chuvas-em-sao-paulo-aumenta/), estimularam o coordenador da Pastoral da Ecologia da Diocese de Santos e membro da coordenação da Pastaoral da Ecologia de nosso Regional, André Staudemeier, a escrever o texto abaixo, adaptado de conteúdos da Defesa Civil, órgão estatal de proteção da sociedade, com orientações para prevenção de riscos de acidentes em condições de chuvas intensas. Compartilhe esse texto!

A Ecologia Integral e a Defesa Civil - Orientações para prevenção de riscos de acidentes em condições de chuvas intensas.

    Nosso compromisso com a vida em todas as suas formas nos deve levar a preservar o meio ambiente para preservar os seres vivos que nele habitam. Como diz o Papa Francisco na Encíclica Laudato Si':

Quando falamos de «meio ambiente», fazemos referência também a uma particular relação: a relação entre a natureza e a sociedade que a habita. Isto impede-nos de considerar a natureza como algo separado de nós ou como uma mera moldura da nossa vida. Estamos incluídos nela, somos parte dela e compenetramo-nos. [...] É fundamental buscar soluções integrais que considerem as interações dos sistemas naturais entre si e com os sistemas sociais. [...] LS 139

    Assim, transcrevemos as seguintes orientações, que esperamos sejam lidas com atenção e postas em prática, e ainda compartilhadas com seus contatos, pois mesmo se você não reside em área de risco, parentes e amigos seus podem residir, ou você mesmo pode se ver em situações de risco quando sai de casa.
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    No estado de São Paulo, região geográfica equivalente ao Regional Sul 1 da CNBB, o verão é a estação do ano em que as chuvas ocorrem com maior volume, intensidade e frequência que no resto do ano, com muitos milímetros acumulados em um curto intervalo de tempo (essa regra vale em toda a Mata Atlântica, bioma no qual está inserida a maior parte do estado). Isso provoca encharcamento do solo e risco de deslizamento de áreas inclinadas, muito comuns principalmente em regiões próximas da Serra do Mar, mas existentes em todo o estado, em todos os locais com serras, morros, ou colinas no estado.
    A qualquer sinal de mudança no cenário da moradia ou do entorno, como surgimento de água barrenta, ou trinca em parede ou no piso, o munícipe deve ligar imediatamente para 199, número de emergência da Defesa Civil que funciona 24 horas. Quem reside em áreas de risco também deve ficar atento ao aparecimento de degraus ou rebaixamento do terreno, e inclinação de árvores, postes, cercas ou muros. Estalos ou aumento das trincas em paredões rochosos também são ocorrências que devem ser comunicadas imediatamente pelo 199.
    Mas os cuidados preventivos também merecem destaque e começam com a não ocupação de áreas impróprias, preservando a vegetação da encosta, que auxilia na contenção dos morros e da água.
    Um dos aspectos mais importantes para evitar o deslizamento é a consciência sobre a conservação do ambiente e importância da vegetação dos morros, que a maioria nem se dá conta: a vegetação ‘segura’ parte da chuva que cai - seja porque alguns pingos estacionam na ramagem dos arbustos e copa das árvores, seja porque boa parte da água é absorvida pelas plantas através de suas raízes -; e as folhas mortas no chão formam um espécie de cama sobre o solo, que também retém a água, que demora mais para infiltrar e escoar para um rio ou córrego.
    Os moradores também devem evitar cortar os taludes, e não devem jogar lixo ou entulho, nem canalizar a água da chuva ou do esgoto direto na encosta! Conforme orienta o órgão, a distância mínima na área dos morros entre uma casa e encosta é de 20 metros, para deixar uma margem de segurança. É importante evitar a obstrução da drenagem e comunicar a Defesa Civil sobre qualquer vazamento nas redes de água e esgoto.
    Munícipes das áreas de risco poderão receber alertas, por meio de SMS (mensagem de texto no celular). Para receber a notificação é preciso enviar mensagem pelo celular para o número 40199, contendo seu CEP. As mensagens serão disparadas pela Defesa Civil do Estado de São Paulo com o objetivo de ajudar a preservar vidas em casos de chuvas fortes, enchentes, deslizamentos, incidência de raios e outros fenômenos meteorológicos.
    Para evitar acidentes, as áreas de risco são mapeadas e é preciso acompanhar a previsão da chuva - o principal causador de deslizamento. Com as informações sobre o local de risco, acúmulo de chuvas e previsão, a equipe consegue ter uma ideia se o deslizamento está para acontecer ou não.
    Quando o acumulado de chuva ultrapassa os 80 mm em três dias, os morros são colocados em estado de atenção pela Defesa Civil, uma vez que o solo perde resistência devido à umidade. E nos casos de sinais de alerta dados pelos munícipes, uma equipe vai ao local procurar evidências de que um deslizamento pode ocorrer. Se constatado, os moradores são removidos preventivamente.
    Também devemos seguir as orientações dos especialistas dos Corpos de Bombeiros e Defesa Civil quando ocorrem tempestades, raios, alagamentos, ventanias e falta de energia elétrica:

- Não entrem em elevadores, em meio a uma tempestade! Se a energia sair, poderão ficar presos na cabine! Se estiver caindo raio, desconecte aparelhos da tomada, como TVs e computadores, deixe só a geladeira, e não tome banho com chuveiro elétrico ligado! Pode ser fatal!
- Não entrem em áreas alagadas a pé, as águas podem estar poluídas e contaminar com vírus, bactérias e protozoários, como o da leptospirose.
- Não se abriguem da tempestade sob uma árvore. As árvores podem tombar ou perder galhos grandes, e assim causar prejuízos materiais e à sua vida. Além disso, em locais abertos, as árvores atuam como uma pará-raio, e você corre o risco de ser eletrocutado.

Fiquem atentos a essas orientações, pois mesmo se você não reside em área de risco, parentes e amigos seus podem fazer parte desse grupo.

André Staudemeier, Fevereiro de 2002.

 

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