Fraternidade e educação ambiental - 2
Por Andreia Estrella - Diocese de Lorena
Neste mês de Junho, temos muitas datas referentes à realidade Ambiental e Ecológica a serem lembradas e celebradas tais como: o Dia Nacional da Educação Ambiental (03); Dia Mundial do Meio Ambiente e da Ecologia (05); Dia Mundial de Combate à Desertificação e à Seca (17), dentre outras.
Estas datas têm um papel educativo fundamental além de serem sinais de esperança. Ao colocarem luz sobre estas temáticas, nos levam a refletir e reconhecer os males que praticamos para com a Casa Comum (incluindo o Ser Humano), e a buscar novas possibilidades de organização de nossas vidas, de nossas comunidades, de nossa educação e da vida em sociedade como um todo.
Sabemos que a crise ecológica e ambiental que assola todo o Planeta, revela um profundo descuido para com a Criação Divina; fruto de uma organização e projeto de sociedade e de ser humano que ainda não coloca a Vida – a Natureza (que nos dá Vida) e as relações entre os todos os Seres Viventes –, como o centro das decisões e de nossas ações. Gera com isso catástrofes cada vez mais frequentes e intensas, levando à morte centenas de milhares de seres humanos (especialmente os mais pobres) e outras formas de Vida, colocando em risco a biodiversidade e os recursos naturais criados por Deus, em especial a água, que é fonte de Vida.
Na Encíclica Laudato Si’: Sobre o Cuidado com a Casa Comum, o Papa Francisco nos alerta:
“Se ‘os desertos exteriores se multiplicam no mundo, porque os desertos interiores se tornaram tão amplos’, a crise ecológica é um apelo a uma profunda conversão interior (…). Viver a vocação de guardiões da obra de Deus não é algo de opcional nem um aspecto secundário da experiência cristã, mas parte essencial de uma existência virtuosa” (LS 217).
A Campanha da Fraternidade deste ano de 2022, que tem como tema “Fraternidade e Educação” e como lema: “Fala com sabedoria, ensina com amor” (Cf. Pr 31,26), nos traz pistas e orientações preciosas para realizarmos nossa conversão. Nos convida a fazer de forma profunda, onde quer que estejamos, o ato de educar a partir de nossas ações. Um ato educacional da escuta, do cuidado para com toda a Criação, da ternura, da generosidade para com todas as formas de vida, em especial as mais vulneráveis.
“[...] Estas ações espalham, na sociedade, um bem que frutifica sempre para além do que é possível constatar [...]. Além disso, o exercício destes comportamentos restitui-nos o sentimento da nossa dignidade, leva-nos a uma maior profundidade existencial [...]” (LS 212).
Neste sentido, a educação ambiental (em seus diversos “âmbitos educativos: a escola, a família, os meios de comunicação, a catequese, e outros” - LS 213), poderá nos auxiliar a viver de forma mais virtuosa e enfrentar nossos “desertos interiores” e nossos “pecados ecológicos”. Tal Educação poderá nos conduzir a uma “conversão ecológica” (LS 217) tão necessária para a geração de Vida plena e abundante para todos como é o plano de Deus e assim como nos ensinou Jesus Cristo. Nos lembra ainda a Campanha da Fraternidade (2022):
“Educação não é condicionamento ou adestramento. É conduzir e acompanhar a pessoa a sair do não saber, rumo à consciência de si mesma e do mundo em que vive. É tornar a pessoa consciente, para que se torne sempre mais sujeito de seus ensinamentos, pensamentos e ações” (CF 22).
Que possamos ser missionários, educadores de escuta atenta como Jesus, e guardiões que proclamam e agem para o cuidado com a Casa Comum e seus viventes. Que possamos educar uns aos outros para o amor e acolhida aos gritos da Terra, e transformar nossa consciência em ações geradoras de Vida Plena.
[Assistir à live das Pastorais da Ecologia Integral do Brasil]
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