Quermesse Sustentável

Quermesse Sustentável

Já se aproxima o mês de junho, no qual a Igreja celebra - em especial no Brasil -, os Santos Juninos: Santo Antônio (13), São João Batista (24), e São Pedro (29).

Nesse período, muitas paróquias e comunidades têm a tradição de realizar festejos devocionais, aos quais se somam as quermesses, festas com danças, brincadeiras e comidas típicas do Brasil colônia (abro aqui um parênteses para chamar a atenção para a importância dos alimentos herdados da troca cultural com os povos indígenas da América, como o milho, o amendoim, o pinhão, a abóbora e a mandioca).

E hoje trazemos sugestões de como trazer a sustentabilidade para esse evento tão tradicional, na gestão dos materiais e dos resíduos, e nas brincadeiras e decoração.

Gestão dos materiais e dos resíduos 

Nessas quermesses, a quantidade de resíduos gerados pode ser muito grande, e se não forem bem geridos podem se tornar um problema ambiental, principalmente após a pandemia, em que as embalagens individuais, plásticos descartáveis, e frascos de álcool gel se tornaram essenciais.
Importante frisar que o conceito de "resíduo" é mais abrangente que o de "lixo"; enquanto resíduo possui diversas categorias e pode ou não ter utilidade e valor comercial, lixo é um resíduo sem valor, ou a mistura indiferenciada de resíduos.

Nessas ocasiões, muitas paróquias vêm se empenhando em fazer uma gestão sustentável dos materiais utilizados, seguindo o princípio da prioridade dos 3Rs : primeiro REDUZIR o que for possível, substituindo por exemplo materiais descartáveis (usados para servir os alimentos) por materiais reutilizáveis, usando travessas, pratos ou copos retornáveis e laváveis; depois REUTILIZAR o que foi usado em anos anteriores, coisa que já é bem comum nas paróquias, usando a mesma "fogueira" cenográfica e mesmos cartazes das barracas, e usando folhas de revistas velhas para fazer as bandeirinhas, por exemplo; finalmente, RECICLAR os materiais que não puderem ser reutilizados, sendo fundamental para isso que esses resíduos sejam segregados por tipo desde o momento que são gerados, separando os recicláveis dos orgânicos compostáveis e dos rejeitos.

  • Recicláveis: latas de alumínio, caixas de papelão, garrafas de plástico e de vidro, etc.;
  • Orgânicos compostáveis:  restos de alimentos, guardanapos, palitos de madeira, etc.;
  • Rejeitos: materiais que não podem ser compostados nem possuem processos de reciclagem economicamente viáveis, como o lixo de banheiro.


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Cartaz usado na Festa do Divino de Mogi das Cruzes, cuja gestão de resíduos é feita pela equipe do Divino Verde, coordenada pela Pastoral da Ecologia e do Meio Ambiente da Diocese de Mogi das Cruzes.

Para os recicláveis que continham bebidas (garrafas PET, latas de alumínio e garrafas de vidro), após lavados, podem ser armazenados sem saco plástico, e caixas de papelão ou isopor também não precisam de ser colocadas em lixeiras  Portanto, contentores de lixo não são necessários na maioria dos casos, e não ter dinheiro para comprá-los não pode ser desculpa para não separar os resíduos por tipo.

Como diferenciar os resíduos não é um hábito para muitas pessoas, é comum que os resíduos terminem misturados no final, mesmo nos eventos com lixeiras separadas por tipo de material, o que pode ser frustrante. Para evitar esse problema, algumas paróquias inovaram e criaram equipes de gestão de resíduos, que retiram os recipientes usados para alimentos (pratos e copos descartáveis, palitos de madeira, guardanapos, latinhas, etc.), diretamente das mesas, levando-os para lixeiras fora do alcance dos visitantes, fazendo a segregação na origem e evitando que sejam misturados. Podem ser inclusive usadas bandejas de plástico ou inox para facilitar essa movimentação.

Brincadeiras

Outra forma de trazer a pauta da ecologia integral para as quermesses é através das brincadeiras e jogos, conscientizando as crianças (e por consequência seus pais).
Brincadeira muito comum nas quermesses é a "pescaria", que pode ser convertida em uma "pescaria de lixo"! Que tal em vez de tirar os peixes da água, tirar o lixo que está junto deles? Essa ideia se inspira nos mutirões de limpeza de rios, manguezais e praias, promovidos por grupos ambientalistas, que, embora sejam aparentemente inócuos (pois não resolvem a causa do problema, apenas remediam temporariamente), ao menos têm o mérito de nos fazer refletir, sair do comodismo e eventualmente mudar maus hábitos, e quem sabe, salvar a vida de alguns animais. Infelizmente na situação atual, muito lixo é descartado de forma inadequada, e se tornou quase onipresente em rios, lagos e mares. Para mudarmos esse paradigma, é fundamental educar nossas crianças para prevenir em vez de remediar, e para reconhecer nosso papel de guardiões da Criação!

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Outras brincadeiras comuns que podem ser adaptadas são o jogo de argolas e do "acerte a boca do palhaço", trocando por "acerte a lixeira".


Pense e nos conte: Que atividade a sua comunidade já faz para ser mais sustentável? Qual ainda pode ser feita? Qual o principal lixo gerado nesses eventos? Ele pode ser reciclado, reutilizado ou transformado em adubo através da compostagem? Como envolver as crianças e famílias da catequese na preparação do evento?


Texto de André Staudemeier Gonçalves
Imagens de Pastoral da Ecologia da Diocese de Santos e
Pastoral da Ecologia e Meio Ambiente da Diocese de Mogi das Cruzes.

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